segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy Winehouse






"Amy Winehouse morreu!", Uau, que novidade... Mas vamos ao que interessa:
    Para ser franco, eu não acompanhava tanto o seu trabalho, porém, conhecia o suficiente para reconhecer que ela tinha uma voz única e um talento incomparável, posso dizer sem medo que dentro do soul, ela deixou sua marca eterna...

    Bem, tem aparecido comentários na internet que ela entrou pra lista "amaldiçoada dos 27", que seriam de artistas que, como ela, morreram na exata idade de 27 anos. (Janis Joplin, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Robert Johnson e etc...). Mas, para ser sincero, para o estilo de vida que eles levavam (tudo no extremo, tanto drogas quanto alcool), se passassem dos 27 realmente seria um milagre, mas não é neste ponto que quero tocar hoje...

    "A Amy Winehouse morreu por culpa dela mesmo, ela tinha dinheiro, ela tinha fama, tinha talento, era bonita (Antes de se acabar com as drogas), o que ela queria indo atrás de drogas?"
    Esse é o ponto de vista de muita gente em relação a ela, mas eu paro pra pensar que, o que poderia levar pessoas como ela, Jim Morrison, Jimi Hendrix, ou até falando aqui do Brasil o Raul Seixas, Renato Russo, Cazuza e etc a se afundarem ao ponto de morrer como morreram, e a resposta que achei foi precisa e curta. Não quero defender o uso de drogas ou alcool e nem quero justificar a atitude deles em relação a tais coisas, mas a resposta que achei para o caso deles é a resposta ao caso de muita gente que vive ao nosso lado no dia-a-dia, que se chama vazio...

    Sabe, existem pessoas ao redor de nós que carregam um vazio dentro de si, vazio este que na maioria dos casos, pensamos que será preenchido quando alcançarmos nossos sonhos, seja esse o de ter um carro, uma casa, ser um cantor ou esportista famoso, ser rico e etc... Nossos argumentos estão todos ali, em cima destes sonhos, se o alcançarmos nós "preenchemos este vazio", caso contrário, se não alcançarmos nosso vazio tende a aumentar e a culpa é deste fracasso. O Renato Russo, cantor e compositor da banda de rock nacional Legião Urbana sempre teve o desejo de ser um grande vocalista de uma banda de rock, dizia isso a amigos e familiares até que alcançou o sucesso, só que ele percebeu o que muita gente percebe quando alçança esses estrelatos, que isso não preenche o vazio de ninguém.
    Já no fim de sua vida, debilitado, com 45kg e com aids, ele compos uma canção chamada "A via lactea" onde em um trecho ele diz: "quando tudo está perdido eu não quero mais ser quem eu sou", ou seja, ele trocaria tudo quanto alcançou, fama, dinheiro, sucesso, tudo, em troca de paz, porque o sucesso lhe trouxe tudo, mas não trouxe o que ele mais queria, paz.

"O que isso tem a ver com a Amy?"
    Não só a Amy, mas a maioria dos artistas quando alcançam a posição que sempre sonharam, percebem que essa posição não preencheu o vazio que existe dentro deles e vem a decepção, como disse o Raul Seixas na música "Ouro de tolo": "eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que quiz, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado, por que foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto: E dai?", ele diz na música "Tudo bem, cheguei a onde sempre sonhei, e agora? O que faço?", ele deixa claro na música que tudo que ele alcançou não preencheu seu vazio, e não estamos falando de artistas que rimam paixão com macarrão para fazer uma letra fácil e pronto, põe na midia, estamos falando de artistas de verdade que escrevem aquilo que vivem, como disse o Gonzaguinha na "Sangrando": "quando eu abrir minha garganta essa força é tanta, tudo que você ouvir esteja certa que estarei vivendo".

    A partir do momento que aquilo que eles alcançaram não os preencheu, ou eles tomam uma atitude de buscar o preenchimento de alguma forma, ou, se entregam a uma depressão profunda que os levará a morte assim como as drogas e bebidas, e "já que é pra morrer, vamos morrer tentando."
    Como disse no ínicio, não quero de modo algum justificar o uso de drogas ou alcool, quero apenas expressar que ás vezes o que julgamos "safadeza", era na verdade uma tentativa de preencher o vazio, abafar aquela tristeza aparentemente "sem motivo" que aparece, era uma forma de lutar contra a decepção que vem de que o sucesso, fama, riqueza e poder não era exatamente como eles pensavam...
    Sinceramente, quando fiquei sabendo da morte da Amy Winehouse eu fiquei triste, como disse, não acompanhei tanto o trabalho dela mas conheci o suficiente para dizer que ela era talentosa, mas fiquei triste de imaginar que as vezes tudo isso foi um pedido de socorro inconsciente dela... Mas ai nos perguntamos "se ela queria ajudar, por que não se internou?"... E eu pergunto, se internar para que? Para voltar para a mesma realidade? Para mudar de "morrer rápido" para "morrer aos poucos"? Para ficar livre das drogas e voltar ao mesmo "quarto vazio"? Que incentivo eles tinham em mudar?

    O problema é que existem pessoas como eles ao nosso lado, pessoas decepcionadas com algo que alcançaram e não o deixou "feliz para sempre" como ela esperava... Decepcionada com algo que não alcançou e a deixou frustrada, enfim, existem pessoas que levam certo tipo de vida não porque querem exatamente, mas simplesmente para preencher algo que falta neles...

"E o que é esse algo que no texto inteiro você ainda não disse?"
    Eu pretendo falar disto nos próximos post's, afinal eu sempre fui do tipo de pessoa que gosta de falar daquilo que teve experiência, não poderia por exemplo criticar um grupo de pessoas por alguma coisa que eles façam, sem ao menos conhecer sobre eles e entender por que fazem aquilo... E acreditem, eu já alcancei muita coisa e já senti este vazio que eles sentiram, e eu sei bem como é...

    O motivo deste pos't para finalizar, não é criticar a Amy Winehouse e tantos outros pelo estilo de vida que eles levavam, mas dizer que um dia eu aprendi que "todos nascem com um vazio dentro de si do tamanho de Deus, e, apenas Ele pode preencher", a partir deste dia eu entendi que se não for Jah em nossas vidas, habitando em nossos corações, nada impede que nós um dia um não sejamos eles, afinal, Jim Morrison, que vivia brisado 22h por dia, nasceu limpo, inocente, brincava quando era criança e quando tinha seus 18, 19, 20 anos não sonhou pra sua vida morrer com 27.

    Antes de jogarmos pedras neles, vamos lembrar que na verdade não existe eles, existe nós, todos nós somos apenas um corpo onde Jah é a cabeça, e obviamente, qualquer membro que se separe do corpo não tende a permanecer vivo, então vamos lembrar disso pessoal: Viva, sonhe, lute e alcance mas não esqueça de Jah no coração, pois as coisas deste mundo nos alegra, mas apenas Jah nos preenche.

Graça e paz a todos.

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